Editoria: Vininha F. Carvalho 25/10/2006
Mais do que aprender uma língua ou ter uma experiência profissional, o intercâmbio significa para uns a oportunidade de sair à procura de novas aventuras e para outros a busca de ascensão na carreira. Mas, não basta vontade e dinheiro para arrumar as malas. É necessário ter objetivos claros, saber o que o espera e o que vai se deixar no Brasil (família, emprego, amigos etc.).Este é o alerta de Flávia Rizzo, diretora da Intercultural Cursos no Exterior em São Paulo, empresa pioneira no intercâmbio de trabalhos remunerados no exterior.
Rizzo diz que o momento certo para o intercâmbio é no início da faculdade. “O estudante ainda não está trabalhando e não tem raízes totalmente fixadas. Nesse momento, o jovem está mais” “aberto’” a novas experiências, tem maior capacidade de se adaptar as mudanças e adquirir bagagem cultural, a conviver em equipe, a ter responsabilidade, e a saber lidar com o dinheiro”, afirma.
Há uma variedade grande de cursos no exterior: a partir de duas semanas, programas de trabalho nas férias de julho ou janeiro, ou ainda trabalhos que exigem uma pausa na faculdade por durarem mais tempo, como por exemplo, o Au Pair - só para mulheres. A escolha irá depender das necessidades de cada estudante.
“O programa de trabalho vem sendo uma das opções mais procuradas pelos jovens”, explica Flávia. No Job Fair realizado pela Intercultural em São Paulo e Florianopólis a procura foi 20% maior do que em 2005. “A grande vantagem desse programa é que o jovem, além de aprender e se divertir, consegue ter um retorno de investimento e economizar com o trabalho realizado lá fora”, diz.
Fator Psicológico:
As condições psicológicas também são relevantes na escolha por um intercâmbio. A adolescência é a fase ideal para essa experiência. “Uma experiência internacional pode ajudar no proceso de formação de identidade do jovem e a adquirir uma maturidade mais elevada. Esse momento vai exigir do estudante prioritariamente um desprendimento emocional e capacidade para lidar com o diferente e o inesperado", explica Andréa Barroso Sarmento, a psicóloga e coordenadora do Projeto Convivências para alunos de intercâmbio da PUC-Rio (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro).
"Acho que amadureci um pouco mais rápido do que meus colegas. Quando eu cheguei aqui achava que todo mundo tinha parado no tempo. Criei uma independência que, para os meus pais, foi muito difícil de lidar", conta a estudante Nathalie Maschio Maccabelli, que viajou aos 16 anos à Nova Zelândia para cursar um semestre no Ensino Médio.
A High School (Ensino Médio) também é uma opção bastante procurada. Flávia afirma que o segundo semestre do segundo ano é tido como a melhor opção já que, neste momento, o aluno já teve um ano e meio para se adaptar ao Ensino Médio, e ao mesmo tempo o vestibular não está tão próximo.
Outras opções, além da High School, que podem ser bem interessantes, apesar de não tão profundas ou intensas, é o curso de línguas, com até duas semanas de duração, nos quais as aulas são divididas entre atividades culturais e esportivas, facilitando o aprendizado.
Quanto mais cedo o estudante começar a se preparar, mais fácil será o processo de adaptação. Desde a procura por uma agência de intercâmbios, o estudo do local, o tipo de curso ou trabalho que serão realizadas, as regularizações de todos os documentos e, até mesmo, a preparação das malas – que roupa levar, se vai estar frio ou calor.
Intercâmbio é só para jovens?
Para quem já passou da adolescência e já tem uma carreira há intercâmbios interessantes. O programa é uma boa oportunidade de incrementar o currículo, principalmente se se tem uma reserva financeira e se tem disponibilidade de tempo (entre um emprego e outro), segundo o consultor de Recursos Humanos do Grupo Catho, Alberto Figueira. “Mas, não é aconselhável fazer apenas um curso de curta duração, pois o profissional poderá ser visto como aventureiro", afirma.
As férias também são um bom momento para fazer um curso de idioma fora. Há cursos de idiomas voltados especialmente para executivos, com vocabulário de negócios, cursos de extensão, como Marketing e informática, e também MBAs e mestrados.
Segundo Flávia Rizzo, o importante é que antes de viajar, a pessoa avalie se o investimento e a experiência vão realmente valer a pena, pois embora seja um diferencial no currículo, deve se considerar a possibilidade de perda do networking, responsável por 30% das recolocações no mercado.
Independe de ser estudante ou profissional, o importante é verificar todas as possibilidades, ter em mente quais são os objetivos da sua viagem, planejar todos os passos e não arriscar apenas por "modinha". "É uma experiência que deve ser encarada com seriedade, desprendimento e humildade em aceitar o diferente", finaliza Flávia.